O Americana em Foco entrevistou a vereadora barbarense Esther Galina da Silva Branco de Moraes, conhecida pela população como Esther Moraes (leia a biografia). A jovem de 24 anos filiada ao Partido Liberal (PL) entrou na política representando o público jovem e as minorias.
Eleita no pleito municipal de 2020 com 1.672 votos, ela é segunda mulher na Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste (SP) e também a vereadora mais nova a ocupar uma cadeira no Poder Legislativo da cidade. Seus ideais são progressistas focando no direito das mulheres, questões sociais e raciais.
Moraes atua como membra nas Comissões Permanentes de Relações do Trabalho; Mobilidade Urbana e Defesa do Direito da Mulher. Entre os destaques de seu 1º mandato estão a promulgação da resolução que denomina Procuradoria da Mulher e medidas voltadas à saúde menstrual feminina.
Alvo de críticas na Câmara, Esther trabalha em parceria com a vereadora Kátia Ferrari, do PV, para atender a demanda da população e driblar o machismo de alguns colegas parlamentares. O bate-papo focou em pautas relacionadas à juventude, feminismo, saúde e educação.
Social:
Americana em Foco – Bom, Esther, nós começamos falando de políticas sociais e contextualizei o público-alvo deste veículo de comunicação: os jovens que pretendem se colocar a par da política municipal. Na sua visão como parlamentar do município, o que está faltando para chamar a atenção da faixa etária mais nova para a política da cidade?
Esther Moraes – Para mim é um dos grandes desafios do mandato a gente conseguir envolver a juventude na política barbarense, na política legislativa. Durante a campanha a gente teve aí a juventude abraçando o nosso projeto e buscando votos e conversando muito nas redes sociais.
Após, nós assumimos em meio a uma pandemia e com problemas complexos na sociedade e a juventude faz parte desses problemas, é uma questão muito profunda e completa que não conseguimos ter uma resposta simples, mas acho que passa muito pela nossa educação, então a gente não cresce entendendo como a política faz parte do nosso dia a dia, então ela ainda é uma coisa muito distante.
Eu sempre costumo dizer que se você pensa no Congresso Nacional, se eu te falar agora “fecha os seus olhos e imagine o Congresso”, você vai pensar em quê? Em uma sala de reuniões com homens mais velhos engravatados tomando decisões pelo nosso povo.
Isso não está errado, é dessa forma que a gente pensa sobre a política. Grupos que deveriam estar representados não estão: as mulheres, os jovens, os negros, a comunidade LGBTQIAP+, os indígenas e pensando pela ótica da juventude, nossa juventude está onde hoje? Está sobrevivendo, muitos deles têm que abandonar a escola para trabalhar, tem dois empregos ou ainda não consegue viver o sonho da faculdade, ou se está cursando o ensino superior ainda há a necessidade de trazer renda para sua família, então isso daí entendo que seja uma questão que acaba prejudicando o acesso à política.
Em âmbito municipal, onde não temos o Conselho Municipal da Juventude ativo, isso é um problema que para mim é muito ruim não termos esse conselho na cidade. Temos iniciado esse debate com alguns jovens que já acompanham o mandato pra gente reativar esse conselho aqui no município para fazer essa discussão e olhar mesmo a questão da juventude como uma questão intersetorial em todas as instâncias e não somente esporte ou cultura.
Americana em Foco – Nesses seus últimos anos de mandato, você acredita que sua atuação conseguiu juntar mais a população jovem com a política municipal ou ainda há muita resistência tanto de seus colegas vereadores quanto das pessoas mais jovens em se colocar a par da política da cidade?
Esther Moraes- Com certeza nós conseguimos juntar mais essa galera [SIC], o mandato tem esse viés de todas as discussões que a gente precisa fazer se voltar para a nossa população, então nós temos pessoas que acompanham o mandato de perto e com a juventude não é diferente, então nós temos jovens que acompanham nosso trabalho, que participam ativamente e que atuam em diferentes projetos sociais.
No ano que vem as eleições estão aí, então por que não trazer mais jovens para o âmbito legislativo? É óbvio que pensando nessa resistência talvez ela exista muito mais dentro do ambiente político propriamente dito do que com os jovens em si.
Eu costumo dizer que a gente carrega o viés de ser um mandato jovem, feminino e que pauta ideais progressistas, isso aí traz consigo uma resistência de alguns políticos que dizem “ah, ela é jovem, ela não sabe o que está dizendo, não entende do assunto”. Essa é a reação que enfrentamos quando a gente ocupa uma posição que historicamente não é ocupado por jovens, mulheres e outros grupos.
Americana em Foco – Você acredita que faltem medidas públicas que aproximem a população da Câmara Municipal? A localização do espaço é remota e de difícil acesso, especialmente para os munícipes que residem em regiões mais afastadas, como a zona leste, por exemplo.
Não faltam medidas como mais ônibus e linhas que levem as pessoas até a Câmara? Você acredita haver falta de políticas públicas nesse sentido?
Esther Moraes – Olhando de forma geral, a gente tem uma realidade muito complicada no sentido da participação popular dentro da Câmara, principalmente em sessões que contam com poucos moradores de Santa Bárbara d’Oeste ou, em alguns casos, até mesmo com cadeiras vazias.
Obviamente, esse é um fato que passa por muitos pontos. Esse distanciamento entre a população e a política com a visão de que “ali só tem corruptos, ali só tem pessoas que roubam nosso dinheiro”, quando, na verdade, isso vem de maus exemplos que a gente vê em inúmeros escândalos.
Além da corrupção também há o péssimo exemplo com práticas de violência, quebra de decoro e assim por diante sem nenhuma punição para o culpado. Essas pessoas devem ser punidos de maneira exemplar, é isso que devemos mostrar para a sociedade.
Eu mesma defendo que as audiências públicas sejam descentralizadas levando essas audiência para os bairros aumentando a interação a população. Temos estrutura para levar isso para os bairros através dos conselhos regionais.
Americana em Foco – Nesse sentido, as notícias falsas não estão impactando negativamente na proximidade dos moradores com a política? Não falta uma atuação mais firme do Poder Legislativo em promover a divulgação de informações à população?
Esther Moraes – Isso passa por fazer um debate ético, então você não pode se utilizar de um mandato para reproduzir informações mentirosos. O Poder Legislativo não pode compartilhar notícias falsas. É importante entender como as ações funcionam no município.
Existe uma grande desinformação que muitas vezes é fomentada por pessoas que deveriam estar compartilhando a boa informação. Nosso mandato está fazendo a sua parte de divulgar dados verídicos baseados em fontes confiáveis e especialistas.
Americana em Foco – Além dos jovens o seu mandato também tem como pilar as mulheres. Você pode comentar sobre medidas adotadas nos últimos meses com foco nesse público?
Esther Moraes – Eu costumo dizer que a pauta da mulher está presente se não em 90% em 100% de tudo o que a gente faz no mandato, nós temos esse recorte de gênero. As principais ações que podemos pontuar agora estão relacionadas ao debate em torno da pobreza menstrual aqui em Santa Bárbara, tivemos duas políticas públicas aprovadas e agora com o investimento do governo federal na distribuição gratuita de absorventes acho que vamos conseguir fazer com que essa medida pública seja implementada na sua totalidade com a qualidade que ela merece.
Temos também o início dos trabalhos da Procuradoria Especial da Mulher, na Câmara Municipal, que é um instrumento importante de fiscalização, de debate, de pesquisa e formulação de política pública. É uma porta aberta no legislativo, pode ser que amanhã ou depois a gente não consiga eleger mulheres, no entanto, temos um instrumento autônomo, sério que vai trabalhar essa pauta aqui dentro.
Podemos destacar também o protocolo “Não Se Calem”, que aborda sobre medidas a serem tomadas no comércio com relação ao assédio sexual e mulheres que possam estar sendo perturbadas ou incomodadas por homens assediadores. A gente também desenvolveu uma audiência pública aqui na Casa para obter os dados de violência em cada bairro.
Essas informações permitirão entender o que está acontecendo em nossa cidade. Temos o pessoal da Secretaria de Promoção Social que está instituindo uma espécie de “vigilância” para elaborar o diagnóstico de violência em Santa Bárbara.
Americana em Foco – No caso das mulheres, a Guarda Civil Municipal (GCM) de Santa Bárbara possui forte atuação nos atendimentos. Você pode comentar sobre isso?
Esther Moraes – Temos o programa “Anjo da Guarda da Mulher” que faz o atendimento às vítimas de violência doméstica e também para quem tem medida protetiva ativa, adotando rondas preventivas em volta da casa, do trabalho ou outros locais em que a mulher frequenta.
Há também o botão do pânico para casos mais graves. Essas são ações no pós-violência, sendo importante debatermos ações preventivas, isto é, impedir que a mulher chegue as vias de fato rompendo esse ciclo de violência contra as mulheres.
Americana em Foco – Quais são suas ideais de políticas públicas para este final de mandato e para o próximo (se reeleita) voltadas às mulheres?
Esther Moraes – A gente ainda tem alguns projetos que precisamos conseguir colocar em prática e divulgar para a população. Para começar, o trabalho da Procuradoria vai ser muito importante, a gente tem este ano e o próximo para conseguirmos fazer o levantamento das informações e estabelecer o fluxo de atendimento na nossa cidade.
Por exemplo: precisamos fazer com que os serviços funcionem. Hoje a gente ainda tem a necessidade de uma mulher denunciar um caso de violência, sendo preciso acionar os órgãos para apurar o caso. Temos uma dificuldade em inserir essa vítima no fluxo de atendimento.
[…] esse estudo que vai ser feito por bairros será importante pra gente entender onde essas políticas públicas estão falhando.
Outro trabalho que fazemos com a Secretaria da Saúde com relação ao enfrentamento da violência obstétrica. Tivemos informações e casos de mulheres que sofreram essa violência, por isso temos trabalhado muito essa pauta com o prefeito Rafael Piovezan (PV) e com a Secretaria [da Saúde] para estabelecer doulas nos hospitais, na Santa Casa e nas UBS para que elas possam trabalhar essa questão do parto humanizado, do plano de parto e garantir que a Lei do Acompanhante seja cumprida.
Também temos o Centro de Referência em Saúde da Mulher que está sendo construído e vamos trabalhar nesse espaço. […] Queremos fazer com que esse espaço acolha a mãe durante a gestação, maternidade, pós-parto, então queremos trabalhar isso com o prefeito e conquistar esse Centro e outros projetos, como o Centro de Referência da Mulher, que também está sendo debatido na cidade.
Saúde:
Americana em Foco – Ainda no âmbito da saúde, as Unidades Básicas são a porta de entrada da população para o Sistema Único de Saúde (SUS), no entanto, ainda há resistência da população em procurar esse serviço causando uma sobrecarga nos Pronto-Socorros da cidade.
Você não acha que falta alguma campanha de conscientização tanto das pessoas quanto ao que é ofertado nas UBS quanto um treinamento da equipe de médicos e enfermeiros para melhor lidar com situações de violência doméstica e mulheres que buscam orientação sobre o pré-natal?
Esther Moraes – Nós fizemos uma fiscalização em todas as 17 UBS’s da nossa cidade adentramos os prédios e conversamos com os profissionais. Hoje, a estratégia da Secretaria da Saúde é de realizar primeiramente o acolhimento com a enfermeira e após será feito o agendamento com o médico especialista, sendo que a enfermeira pode solicitar exames e orientar a paciente.
Temos visto que existe uma estratégia ali que no papel é muito bonita, mas que quando colocada em prática acaba falhando algumas coisas. Quando ouvimos a população notamos que o acesso a isso não está muito claro: em alguns casos, ele [o paciente] não é muito bem acolhido ou orientado a retornar outro dia, por isso acaba buscando atendimento em um PS e se perdendo no sistema.
A gente tem essa questão do acesso a esses serviço que em algum momento falha, para mim ainda falta muito a questão do autocuidado com a mulher. Precisamos entender que sobre a mulher cai muita coisa, é a mulher que cuida da casa, do marido e muitas vezes dos idosos, além de sair para trabalhar ou abrir mão para cuidar dos filhos, sendo, em alguns casos, vítima de violência doméstica.
É importante que essa mulher saiba da importância de cuidar de si, isso muita das vezes acaba não chegando ao conhecimento dessa pessoa, que acaba primeiro garantindo o bem-estar de outras pessoas enquanto renuncia a sua própria saúde. Quem cuida dessa mulher sendo que ela cuida de todos?
Eu penso que precisamos realmente humanizar esses espaços. Essa mulher que chega para conversar com o médico ou com a enfermeira apresentando relatos que, por exemplo, podem apresentar indícios de pobreza menstrual.
A política pública precisa identificar e abordar esses temas fazendo alguns questionamentos. Se essa mulher sofre de pobreza menstrual, será que também não sofre de outras vulnerabilidades? Esses indicadores também podem apontar para algum tipo de violência, é preciso que essas instituições não fechem os olhos e não ignorem esses sinais, sendo preciso entender que pode ser um caso que necessite da presença de uma assistente social, de um funcionário da saúde e acompanhamento para entender o que está acontecendo dentro de sua casa iniciando o monitoramento mais próximo.
Eu gosto muito das Unidades Básicas da Saúde que são estratégia de Saúde da Família, acredito que elas funcionam de uma maneira genial no quesito de identificar essas violências. Ali há funcionários da saúde passando pelos bairros e acompanhando essas pessoas.
Precisamos investir mais na atenção básica e mais nas UBS da Saúde da Família com o intuito de aproximar a comunidade da saúde.
Americana em Foco – No caso dos Pronto-Socorros essa realidade é muito diferente, pois não há o acompanhamento próximo do paciente e da mulher. Muita das vezes a equipe não sabe identificar indícios de violência doméstica e orientar corretamente a vítima.
Nesse sentido, você acredita ser possível haver alguma campanha de conscientização dos trabalhadores desses espaços de urgência e emergência?
Esther Moraes – Precisamos fazer isso acontecer. Se não me engano, há leis que tratam sobre o atendimento de mulheres vítimas de violência, como a retirada para um local reservado e acionamento das autoridades, além do atendimento prioritário dada a urgência tanto do atendimento quanto da proteção para que o agressor não adentre na unidade.
Tem uma questão que falamos bastante que é essa violência institucionalizada, que é a revitimização dessa vítima. Quando ela relata a violência que sofreu é preciso ter um protocolo para acionar o sistema e proteger essa mulher, não cabe ao profissional perguntar “o que você fez para ser agredida?”. Isso não cabe ao profissional da saúde, quem vai investigar é a polícia, cabe a essas instituições ter um protocolo de acolhimento e atendimento a essa mulher.
Hoje temos uma empresa privada que atende nos pronto-socorros e cabe à prefeitura definir um diálogo para determinar os requisitos para que esses funcionários terceirizados atendam em nossa cidade.
Americana em Foco – No ano passado tivemos o “escândalo” com alguns vereadores pedindo a instauração de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar contratos na Saúde.
A justificativa inicial era a demora no atendimento aos pacientes nos Pronto-Socorros Edson Mano, na região central de Santa Bárbara, e Afonso Ramos, na Zona Leste. Como está a situação atualmente?
Esther Moraes – Nós vinhamos acompanhando desde anos de 2021 ou 2021 [salvo engano] um aumento na demora do atendimento das pessoas que estavam passando por lá [hospitais]. Nós temos dados que mostram que 60% dos casos que passam pelo PS são de Americana, então são pacientes que vêm de outra cidade para consultar no nosso PS, além de alguns casos que não é urgência ou emergência e poderiam ser atendidos em uma UBS.
Esses são alguns fatores que acabam prejudicando o atendimento. O Pronto-Socorro, obviamente, vai atender independente da cidade ou estado de residência, porém fazemos esse debate sobre o alto fluxo de pacientes da cidade vizinha. Todas essas pessoas estão sendo devidamente atendidas.
A demora também era resultado na dificuldade em ter médicos plantonistas em Santa Bárbara. Essa empresa foi trocada antes mesmo da CEI ser protocolada e tivemos uma melhora no atendimento na saúde pública da cidade.
Há dias em esporádicos em que o atendimento demora, como em uma segunda-feira ou aos finais de semana, por exemplo. Atualmente, a Secretaria da Saúde orienta o seguimento do Protocolo de Manchester que determina o tempo máximo de atendimento conforme a gravidade.
Americana em Foco – Muitos moradores se queixam afirmando que apenas dois prontos-socorros não são o suficientes para suprir a demanda do município, no entanto, sabemos que para a criação de uma nova unidade é preciso que haja um aumento populacional através de dados do IBGE.
Se os dados apontarem esse crescimento, há interesse da gestão pública em trabalhar para criar e lançar um novo PS em Santa Bárbara?
Esther Moraes – Confesso que ainda não temos nada em mãos com a relação a construção desse terceiro pronto-socorro, mas penso que todo investimento em saúde é bem-vindo e se os profissionais da saúde entenderem ser necessário ter uma nova unidade baseado na quantidade de pessoas que atendemos, acredito que se essa é a necessidade do município terá o nosso apoio e cobrança.
Friso novamente que os PS precisam atender quem necessita de atendimento, mas também devemos debater a relevância das UBS no vínculo com a comunidade com relação à saúde pública.
Americana em Foco – Recebemos denúncias de que algumas Unidades Básicas de Saúde deixaram de fornecer remédios à população e estão orientando os pacientes a irem até a Farmácia Municipal, porém isso se mostra uma enorme dificuldade para quem mora em bairros afastados do centro.
Isso acaba congestionando a Farmácia Central e aumentando consideravelmente o tempo de espera para conseguir o medicamento. Você acredita ser possível trabalhar em alguma solução para isso?
Esther Moraes – Esses remédios devem voltar a ser distribuídos na cidade. Até pouco tempo através tínhamos uma lista ampla de medicações em falta, porém isso foi parcialmente normalizado.
Esse problema passa por entendermos que a gestão passada do governo federal deixou recursos mínimos para o programa Farmácia Popular fazendo com que o nosso e outros municípios tivessem a falta de remédios.
A prefeitura solicita os medicamentos e quando chegam estão à disposição para ir buscar em Campinas ou em São Paulo. Os requerimentos não estão tendo o retorno desejado e alguns medicamentos estão começando a chegar, esse é um problema ao nível de país.
É uma situação que está sendo progressivamente solucionada. É claro que isso gera certo transtorno para a população pela locomoção e demora no atendimento. Acompanhamos um caso de pessoas que chegaram às 11h30 e às 13h30 ainda não havia retirado o remédio.
Estamos em contato com a Secretaria da Saúde para que os medicamentos sejam oferecidos nas UBS, pois não faz sentido uma pessoa que mora, por exemplo, no Conquista [bairro] ter que ir até a Farmácia Central sendo que há um posto de saúde na região.
Segurança pública:
Americana em Foco – Recebemos denúncias de barbarenses que se queixam do atendimento telefônico da Guarda Municipal da cidade. Em alguns casos, o operador que recebe o chamado não sabe conduzir a situação causando confusão em quem está buscando atendimento.
Também há um relato de que a Corregedoria da GCM de SB hostilizou um morador após ele reclamar de uma servidora pública que supostamente não conseguiu prestar um atendimento eficiente. Há conhecimento dos vereadores sobre isso?
Esther Moraes – Até agora, pelo menos, não chegou nenhuma denúncia nesse sentido com relação ao atendimento das ocorrências da GCM, mas nós podemos estar conversando com o secretário para entender melhor sobre isso e a como pode ser resolvida.
Americana em Foco – Recentemente estamos presenciando um infeliz aumento no número de ataques às escolas de diferentes cidades do Brasil. A Prefeitura de Santa Bárbara anunciou medidas protetivas como o reforço nas rondas da Guarda Municipal, implementação do “botão do pânico”, aumento no número de câmeras de segurança e ampliação da segurança 24 horas para todas as escolas.
Enquanto isso, algumas cidades vizinhas, como Americana, por exemplo, apresentou um plano mais ostensivo mantendo um guarda armado em cada instituição pública de ensino. Frente a isso há a seguinte dúvida: não é o momento de sermos mais temerosos com relação a esses casos?
Esther Moraes – Eu julgo que o Prefeito Rafael Piovezan e a secretária da Educação, Tânia Mara, estão sendo cautelosos e adotando medidas importantes com cuidado principalmente em ouvir especialistas da área, que é um caminho que o mandato tem feito.
Carrego a opinião de que policiamento e repreensão por si só não basta, não adianta transformarmos a escola em um presídio sendo que não conseguimos trabalhar questões mais profundas que requerem nossa atenção e dedicação.
O secretário de Segurança Pública ordenou que se não está tendo ocorrência a Guarda Municipal deve ir para escolas fazer o patrulhamento. Os agentes estão conversando com a direção, coordenação e professores orientando sobre medidas de segurança em caso de atentados.
A gestão está efetuando uma análise individual em cada escola a fim de determinar as necessidades particulares de cada unidade. Essa vistoria está sendo feita de escola em escola a fim de emitir um diagnóstico sobre o local.
Também existe outra preocupação que para mim é válida, a necessidade de ser uma escola segura, mas que cultue a paz e atendimento às crianças para romper com o ciclo de violência. Nós estamos vindo de um período de pandemia em que esse público esteve exposto sem moderação às redes sociais e conteúdo violento.
Muito se debate sobre a importância da presença de um psicólogo nas escolas, de um profissional capaz de atender o estudante que apresente quadro de depressão, ansiedade ou outras doenças. Há informações de que o CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) não tem psicólogos o suficientes para atender nossas crianças, é preciso aumentar os investimentos nesse sentido.
Educação:
Americana em Foco – Nossa redação está apurando alguns casos de bullyng e racismo em uma escola municipal. No próximos meses de seu mandato, como a senhora pretende atuar com relação a isso?
Esther Moraes – Temos essa vontade de poder adentrar nas escolas para conversar sobre isso, principalmente nas estaduais em que conseguimos fazer um bate-papo um pouco mais profundo visto que os estudantes dessa faixa etária entendem mais afundo o assunto permitindo abordar mais pontos.
Além disso, nosso mandato tem uma proximidade muito grande com o Movimento Negro aqui em Santa Bárbara. Essa pauta racial é debatida durante todo o ano, temos a secretária da Educação preocupada com essa temática na educação básica do município.
No mês de novembro a gente acompanha o calendário especial referente ao mês da Consciência Negra, porém o trabalho é realizado durante todo o período letivo. Eu tenho essa vontade de levar esses debates sobre questões raciais e bullyng para dentro das escolas.
Política:
Americana em Foco – Como a vereadora enxerga o fato de alguns colegas também vereadores estarem compartilhando notícias falsas e conteúdos sensacionalistas nas redes sociais?
Esther Moraes – É realmente preocupante termos essa divulgação de fake news e muitas vezes de pautas que são tratadas no campo de algo extremamente perigoso, sendo que são pontos que sequer existem, fazendo parte dessa divulgação.
Fake news são um projeto de país, elas não estão sendo divulgadas à toa e devem ser combatidas de maneira exemplar. A gente precisa passar a dar a devida atenção para esses casos. Quando a imprensa divulga que existe alguma fake news por parte de algum parlamentar é preciso que isso seja punido, é preciso que o parlamentar se retrate e seja investigado para isso ser corrigido.
Uma mentira quando é dita muitas vezes se torna uma verdade, e quando isso acontece é muito difícil combatermos as consequências dessa “verdade” mentirosa. Demora muito tempo para conseguirmos arrumar o estrago causado por uma informação falsa.
Nós procuramos fazer a nossa parte de sempre nas discussões políticas reestabelecer a verdade e eu falo que isso parte de uma ética individual de cada um. Reforço nosso compromisso em combater a desinformação na política.
Pergunta de uma leitora:
Gabriely Oliveira – Como você lida com tanto machismo na Câmara Municipal com situações absurdas acontecendo em um local que deveria lutar pela igualdade e o direito de diversas classes e grupos na nossa cidade?
Esther Moraes – É um desafio. Todo dia é um desafio novo e vamos aprendendo em cada situação a como lidar com o que está aparecendo ali na nossa frente. Obviamente que buscamos através do diálogo, da cordialidade, conversar com essas pessoas e explicar o que está acontecendo e tentar torná-lo um aliado nosso, porém há situações que extrapolam todos os limites se tornando questões judiciais.
Nós temos um processo judicial contra um vereador devido a um episódio de violência política que ocorreu em sessão quando ele grita comigo e faz gestos de cachorro e me manda continuar latindo e que eu me recolha a minha insignificância, esse foi um caso que tivemos aqui na Casa em novembro.
Esse foi um episódio de machismo, mas acima de tudo odioso. Nesse caso a gente precisa recorrer as vias judiciais para que o acusado seja punido. Temos essas duas vias.
É possível tornar essa pessoa um aliado para a discutirmos pautas de maneira conjunta, aproveitosa e democrática?! É? Então vamos por esse caminho. Não é e beira a criminalidade? Então teremos que tomar as medidas judiciais cabíveis. Eu acredito que não devemos ter medo de denunciar.
Quando esse caso aconteceu muita gente me orientou a “deixar isso quieto”, mas se a gente não denuncia e recorre para que os meios punitivos sejam colocados em prática qual o exemplo que estamos dando para essas mulheres que sofrem as violências dentro das suas casas?
É o meu papel denunciar e fazer com que isso venha a público mostrando que da nossa parte corremos por todos os meios para que ele seja punido. Queremos que as mulheres não estejam na velha política, mas na nova política em que não sofram violência de gênero